sexta-feira, 13 de junho de 2014

INTOXICAÇÕES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Monofluoracetato de sódio
         É um praguicida ilegal originado das plantas, os animais podem intoxicar-se pela ingestão das plantas que contêm esse agente. A Panaceia sp. popularmente conhecida como Acácia, como erva do rato, muitos países tem essa planta como nativas, sendo comuns as intoxicações de animais com essas substâncias.
         Plantas que contem essas substâncias devem ser arrancadas dos pastos para que os animais não tenham acesso a essa planta, nem se alimentar delas. A DL50 dessa substância é muito baixa inferior a 0,025mg/kg. A maior parte das intoxicações acontece com a substância refinada e purificada e vendida nos mercados de forma ilegal.
         No nordeste onde a planta não é comum, os derivados desta planta são comercializados de forma ilegal com o objetivo de matar ratos. Porém é um dos piores raticidas que existe, pois os ratos são muito inteligentes e rapidamente compreende que ao comer essa substância ocorre intoxicações e morte.
         Excepcionalmente ocorrem intoxicações por via oral, porém outras vias como as mucosas anal, genital e conjuntiva podem ser vias de intoxicação. Nem sempre os ratos comem esse produto, eles podem carregar para outros locais contaminando outros ambientes e outros animais terem acessos a essa substância sendo também intoxicados. Existem relatos que até as moscas podem transportar quantidade suficiente para causar uma intoxicação, dada essas informações, justifica sua proibição de uso. Essa substância não possui nenhuma seletividade e intoxica todas as espécies que entraram em contato com esse agente.
         Depois de ingerido esse agente é rapidamente absorvido no estômago, mesmo sendo o estômago uma região que dificilmente realiza absorção, esse agente é rapidamente absorvido e em pouco tempo, cerca de 5 minutos está totalmente absorvido, matando o animal em torno de meia hora.
         Um dos fatores que complicam os casos de intoxicações é a supersodagem, pois as pessoas geralmente não coloca isca para um rato de 200g e sim quantidade para um animal de 200 ou 300 kg. Dada essa superdosagem os animais que entram em contato acabam morrendo em menor tempo que o esperado.
         Esses produtos são vendidos clandestinamente como iscas para ratos, geralmente vem em líquido sem rótulo por se tratar de algo clandestino e as pessoas utilizam em pequenas porções geralmente num conta gotas sobre algum alimento para ratos. Vetores mecânicos que levam da isca contaminada para outro lugar pode ser suficiente para matar.

Mecanismo de Ação do Monofluoracetato
         O mecanismo de ação desta droga ocorre a nível intracelular e se liga ao oxalacetato, substância responsável no ciclo de Krebs para a formação de ATP. Essa ligação no oxalacetato da origem ao fluoracitrato que compete com a enzima aconitase, esta por sua vez é responsável por atuar no mecanismo do citrato, desta maneira, o essa enzima não consegue se ligar ao citrato inibindo sua ação no mecanismo da cadeia respiratória.
         Esse mecanismo interfere na produção de ATP e AMP consequentemente na respiração celular. Ocorre em todas as células de todos os sistemas. O monofluoracetato age em todos os sistemas, em torno de meia hora todas as células do organismo são comprometidas.
         Todos os sinais de todos os sistemas são observados, porém em maior evidência os sinais neurológicos, pois as pessoas se compadecem mais pelos sinais neurológicos por ser mais evidente. Mas há lesões generalizadas em todos os sistemas, apresentando taquicardia, dispneia, graves diarreias, graves quadros de vômitos, salivação exagerada, graves contrações musculares, graves convulsões, intensos tremores, delírios graves, cólicas graves, dores abdominais graves.
         Esses sintomas clínicos manifestam de uma forma muito grave e rápida, então esse tipo de intoxicação é superaguda, condição quase letal, a Raiva é a doença mais letal do mundo, mas ninguém diz que é totalmente letal, pois, existem casos de pessoas que se recuperaram desse tipo de patologia. Na maioria das vezes o animal morre sem o profissional conseguir aplicar todo o tratamento necessário, normalmente quando um veterinário atende esse paciente o animal morre antes das drogas administradas fazerem algum efeito.
         Realizar êmese rápida e entrar com outros procedimentos rápidos, pois mesmo que venha vomitar grande quantidade do produto é necessário lembrar que a quantidade que o animal ingeriu é capaz de matar mais de 100 vezes o peso do animal.
         O Monofluoracetato possui um processo de bioacumulação, mais um dos motivos pelo qual este produto ter sido proibido seu uso, a bioacumulação é quando um fármaco ou agente tóxico possui capacidade de se bioacumular na cadeia alimentar, desta maneira se o gato comer um rato envenenado o gato irá intoxicar-se pois, o rato não metabolizou o produto ao ponto de torná-lo inerte, isso se chama de bioacumulação, alguém que tem acesso aquele organismo contaminado poderá também ser intoxicado.
         A bioacumulação é diferente de biomagnificação, que é a capacidade que a droga tem da medida que a cadeia alimentar vai subindo o metabólito é mais tóxico que a droga primária, porém, esse processo não é característico do monofluoracetato.
         O fato dos animais morrerem rapidamente contribui para esse processo de bioacumulação, pois a rapidez da morte não proporciona a metabolização desse agente, ficando ativos no organismo do rato, tanto que se um cão ou um gato comer esse rato morto provavelmente sofrerá uma intoxicação.
         É considerado um produto pouco eficaz como raticida, não pela capacidade de matar, pois já se viu que o monofluoracetato (erva do rato, milrato, 1080) mata quase que instantaneamente, o problema é que o rato liga a morte rápida do colega dele ao alimento que ele comeu e não mais come essa isca. Os raticidas que matam depois de algum tempo de ingerido são os mais eficazes, pois o rato envenenado quando começa a sentir os sintomas se isola e se esconde até morrer, sendo assim os demais ratos não fazem a ligação da sua morte com o alimento que ele ingeriu.
         As intoxicações com o monofluoracetato se não tiver o histórico do uso do produto não é possível identificar através de exames a presença do agente tóxico, não se isola a substância nem o metabólito, no sangue, na urina, nem no TGI. Alguns autores diz que se deve analisar a quantidade de citrato no sangue, mas não é definitivo, pois este parâmetro pode estar alterado por diversos outros motivos.
         Tratamento
         Não existe antídoto, além de muito grave a intoxicação, não existe nenhum tipo de antídoto para esse tipo de agente, sendo assim a terapia não é específica. As terapias sintomáticas e de apoio caso de tempo, são os indicados, mas é importante lembrar que o agente tóxico age de forma muito aguda e rápida, porém são pouco eficazes.
         Se realizar êmese ou lavagem Gástrica ainda sim se deve lembrar que vai ficar alguma quantidade suficiente tóxica e ainda há quantidade já absorvida. Por exemplo, o animal possui sintomas convulsivos, neste caso é necessário utilizar um anticonvulsivante, mas o medicamento necessita de pelo menos 5 minutos para ter início de sua ação. O anticonvulsivante mais potente que se tem é o Tiopental (anestésico), porém, de alto risco e necessitam de um tempo médio de ação mas sendo muito utilizado nesses casos, mesmo sendo um medicamento de alto risco.
         Esse agente causa grave acidose metabólica, febre altíssima, sendo necessária utilização de fluídos com lactato ou bicabornato, fluidos frios para reduzir essa temperatura, potentes analgésicos (opióides como: Metadona 0,2 a 0,5mg/kg [] 10mg e Butorfanol 0,1 a 0,5mg/kg em Cão e Gato []10mg) anti arrítmicos, como o propanolol (2,5 mg/kg),  o melhor anti arrítmico nesses casos extremamente graves, é a utilização da lidocaína sem vasoconstritor (taxa de infusão de 200μg/kg/min [] 10mg).
         Uso de diurético como a furosemida, (3 a 5 mg, []10mg/ml). Evitar o uso da Atropina nos casos de salivação excessiva, pois pode causar uma taquicardia.

Intoxicação por Organoclorados
         Grupo de drogas praguicidas que também foi largamente utilizado, mas hoje em dia é de uso proibido, os organoclorados foram os que deram origem aos praguicidas orgânicos, não pelo fato de deixar de fazer algum mal, mas por ter uma forma química compatível com substâncias orgânicas, eram utilizadas como piolhicidas e também como praguicidas, como no combate ao mosquito da febre amarela, malária etc. Com o tempo com o uso dessas substâncias as pessoas começaram a ficar doentes pelo uso prolongado desses produtos.
         Os organoclorados provocam bioacumulação e biomagnificação, sendo algo terrível, possui grande afinidade por tecido adiposo, ficando durante meses ou anos. É eliminado no leite dos animais, pode ser encontrado na carne e em cada produto da cadeia alimentar o organoclorado é cada vez mais tóxico. Ultrapassa todas as barreiras sem dificuldade podendo afetar os filhotes.
         A probabilidade de intoxicar um animal é menor com os organoclorados e também não possui antídoto. As intoxicações por organoclorados ocorrem por todas as vias, Tópica, aérea, oral, transmucosas, atravessando todas as barreiras sem dificuldades, depositando em grandes quantidades no tecido adiposo. Animais de produção e seus produtos todos são contaminados com esse agente, não sendo neutralizada essa molécula, ficando seus subprodutos com altos níveis de organoclorados, possui alta estabilidade química sendo a mais difícil de ser degradada dentre os praguicidas existentes.
         Os organoclorados:
Derivados clorados do etano: DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) Metoxicloro, pertano, clorobenzilato e dicofol.
Ciclodienos: Clordano, (Toxicloro, octacloro), aldrin ( taleno), dieldrin, Heptacloro, endosulfano, endrin.
Cicloexanos: BHC (Hexaclorociclo-hexano), Mixex, lindano, toxafeno.
         São absorvidos nas mucosas e rapidamente distribuídos, mecanismo de ação pouco esclarecido, mas existem quatro hipóteses do seu mecanismo de ação, uma delas é a interferência nos canais de K, pois se sabe que há o aumento da permeabilidade desse íon através do canal, segunda hipótese é a inibição da enzima k+ Na+ ATPase e da da enzima Ca+ Mg+ ATPase, terceira hipótese é a interferência na Calmodulina importante no transporte dos íons de cálcio importante na liberação dos neurotransmissores e quarta hipótese é que agem competitivamente pelo GABA.
         Intoxicações agudas por organoclorados e forma crônica mais comum, normalmente se apresenta os sinais neurológico pelo fato de a droga agir sobre os canais de K, sódio e potássio, GABA e Calmodulina que são basicamente responsáveis pela polarização e despolarização das membranas.
         Os sintomas de intoxicações agudas são, descordernação, letargia, contrações exageradas, fraquezas musculares, dificuldade de ficar em pé, flacidez etc. As intoxicações em fêmeas prenhes podem levar a aborto ou não, as fêmeas podem ter filhotes com problemas de ordem neurológica.
         Na forma crônica pode haver os mais diversos sintomas, esses sintomas só aparecem concomitantes a doença que ele tiver, principalmente por ser uma droga cancerígena e teratogênica.
         Método de diagnóstico, verificar a utilização do produto, se existe sintomas clínicos compatíveis, pois é difícil fazer um diagnóstico definitivo, pode-se isolar o princípio ativo do tecido gorduroso, do tecido cerebral, porém isso não é fácil e muito caro, alguns métodos de cromatografia podem chegar a um diagnostico definitivo.
         O tratamento consiste nos sintomas, pois não possui antídoto, terapia sintomática e de apoio, e se houver recuperação lembrar-se da bioacumulação que o produto faz, que poderá trazer algum malefício para o animal no futuro.
  
Organofosforado e Carbamatos
         Organofosforados: Coumafós, Aloxon, Triclofon, Fention, Malation, Clorfenvinfós, Clorpirifofós.
Carbamatos: Aldicarb, Propoxur (proibido), carbofuran, carbaril (furadan), Fenoxicarbe, metomil.
Utilizados como inseticidas, carrapaticidas e piolhicidas, fungicidas, e alguns possuem propriedades sarnicidas.
         Ambos são bastante lipossolúveis e se comparados aos organoclorados possui algumas característica bastante semelhante, como por exemplo, a lipossolubilidade. São drogas que atravessam as barreiras com muita facilidade, sendo possível as vias de intoxicações a oral, via aérea, via tópica e por não ter um odor característico, muitas vezes as pessoas não se atentam a esse detalhe não toma os devidos cuidados com esse tipo de agente.
         São rapidamente absorvidas e também rapidamente distribuídas, dependendo da via a intoxicação, pois na via inalatória a área de absorção é bem maior, seguia pela oral e tópica e cerca de 30 min. a uma hora o animal começa a apresentar os sintomas.
         Drogas lipossolúveis tem a característica de atravessas as barreias de forma muito rápida e provocar sinais neurológicos. E neste caso o sistema nervoso periférico também é afetado e o sistema colinérgico ou SNA parassimpático que é o principal modo de ação destas drogas. Sua ação se da na fenda sináptica e agem inibindo a acetilcolinesterase, responsável pela quebra ou degradação da acetilcolina, o neurotransmissor que ativa a despolarização das membranas neuronais. Desta maneira ocorre o acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica e uma intensa despolarização das membranas.
         A diferença entre os organofosforados e carbamatos é que este primeiro se liga a acetilcolinesterase no sítio esterásico da enzima através de uma ligação covalente ou ligação irreversível, já os carbamatos se liga de forma reversível a essa enzima.
         Esse detalhe torna-se importante na segurança que a  droga vai apresentar, pois os carbamatos vai ser mais seguros de serem utilizados que os organofosforados por essa ligação se desfazer de uma forma rápida, sendo assim a ação da droga é mais rápida no contexto de recuperação do paciente do quadro de intoxicação.
         Clinicamente esse animal vai apresentar sintomas referente a ação parassimpática. Predomina no TGI muitos receptores α2 adrenérgicos, ocorre salivação excessiva,  diarreias, vômitos, no trato respiratório ocorre dispneia, taquipnéia, depressão respiratória, contrações musculares exageradas, convulsões graves, sinais cardiovasculares, principalmente compensatórios por causa dos sinais de alteração no sistema respiratório.
         A morte geralmente ocorre por uma paralisia espástica, por conta do índice de contração exagerada e parada respiratória.
         O diagnóstico pode ser feito  através do histórico com o uso dos produtos, a análise da acetilcolina esterásica sérica no sangue pode ser uma forma de pressupor a intoxicação. Porém se faz em quite de espectofotometria que se executa por ex 500 testes que deve ser analisada no máximo em 6 horas. É um dado a mais, porém, pode estar alterada em casos de estresses, não sendo um diagnostico definitivo.  Não existe como isolar a droga na urina ou no sangue, talvez encontrar o produto no vômito ou diarréia antes de ser absorvido pode ser um método de diagnóstico.
         As intoxicações por organofosforados ou carbamatos ocorrem geralmente nas formas agudas ou superagudas dependendo da quantidade ingerida e a sensibilidade do paciente, pela via oral ou aérea, a indução de vômito neste caso dificilmente serão necessários, pois os sintomas são constituído pelo próprio vômito.
         A menos que a pessoa tenha observado o animal engolindo imediatamente o agente, recomenda-se a indução do vômito, do contrário não se aplica, pois, quando se observa os sintomas significa que o animal absorveu a maior parte do produto. O mesmo não se aplica para a via tópica, mesmo que o animal apresente os sinais clínicos, deve realizar o banho do animal sem no entanto massagear, utilizando os métodos descritos para intoxicações por via tópica.
         Não existe antídoto, porém, utiliza-se como fármaco para reversão a atropina, que é um antimuscarínico este por sua vez, compete pelos receptores da acetilcolina, age no neurônio pós-sináptico a Atropina compete pelo sítio de ação de acetilcolina. É necessário avaliar se ela pode ser utilizada prestando atenção, se o animal possui taquicardia ela não pode ser utilizada, se tiver uma bradcardia ou tiver em um grau de normalidade pode ser utilizada, já que ela acelera os batimentos cardíacos.
         Sinais clínicos:
         Broncodilatação, miose, sialorreia, náuseas, vômito, expectoração, sudorese, incontinência urinária, cólicas abdominais, diarreia, bradicardia. (taquicardia, hipertensão, fasciculação, tremores, fraqueza muscular e/ou paralisia flacidol), os resultantes dos efeitos no sistema nervoso central (ansiedade,agitação, tontura,  ataxia, prostração, confusão mental, perda de memória, labilidade emocional, fraqueza generalizada, depressão do centro respiratório, convulsões e coma)
         Tratamento:
         Lavagem gástrica, se tiver conhecimento prévio da intoxicação em até duas horas, administração de carvão ativado, xarope de ipeca para induzir a êmese (se for visto a ingestão) em pacientes alertas e conscientes. A terapia com carvão ativado deve permanecer por 12 horas nas intoxicações por carbamatos e 48 horas por intoxicações com organofosforados por conta do seu ciclo entero-hepático.
         Em casos de contato com os olhos lavagem abundante por aproximadamente 15 minutos.
         Administrar sulfato de atropina na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg sendo que ¼ da dose deve ser administrada pela via intravenosa e o restante intramuscular ou subcutânea. Sempre preferir administrar a dose mínima, pois pode necessitar de reaplicações, cuidado com ruminantes, pois a administração de atropina pode provocar atonia ruminal.
         Em intoxicações por organofosforados, podem ser utilizada as Oximas reativadores da colinesterase, Pralidoxima ou 2-PAM (contrathion) dose de 15 a 40mg/kg IV ou IM. [200mg]. As oximas são agentes capazes de remover os organofosforados da acetilcolinesterase.
         Nunca utilizar as oximas em intoxicações por carbamatos, pois pode piorar o caso de intoxicações. Em casos de Convulsões, benzodiazepínicos na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg
Intoxicações por Piretróides
         Mecanismo de ação se dá pela permeabilidade iônica dos canais de sódio nas membranas nervosas, os piretróides demonstrou que prolongam a aberturas desses canais iônicos.
         Ação na enzima Ca+Mg+ ATPpase, que  atua no processo de despolarização da membrana.
         Não corre antagonismo nos piretróides do tipo I sobre os receptores benzodiazepínicos!
Ação também no sistema GABAérgico.
         Outro local de ação nos receptores benzodiazepínicos, antagonizando esses receptores, essas ações ocorrem na intoxicação por piretróides do tipo II. Quando existe predominância deste mecanismo, o animal tende a ficar muito mais letárgico e tende a morrer por paralisia flácida.
         Animais que se intoxicam com os piretróides do tipo I eles apresentam convulsões paralisia espástica e tremores.
         Quanto o animal se intoxica por piretróides do tipo II e predomina a ação dos receptores benzodiazepínicos, tem os sintomas que chamam de síndrome CS que é uma coreotetose ou uma lesão dos gânglios basais.
         Se fizer uma busca nas drogas que tem no mercado de modo geral há a associação de dois piretróides o tipo I e II, sendo assim as intoxicações serão por essas duas drogas, com a apresentação dos dois tipos de sintomas mais a paralisia espástica e a inibição dos receptores benzodiazepínicos. Mas os piretróides possuem outros mecanismos envolvidos e não só os receptores benzodiazepínicos a tendência e que o profissional atenda os animal com a síndrome do Tremor, que nada mais é d0 que todos os sintomas de intoxicação que envolve tremores, excitabilidade convulsões, muito mais característicos do piretróide do tipo I, o tipo II também tem esse mecanismo.
         Este agente possui um mecanismo a mais, que é ação sobre os receptores benzodiazepínicos. Clinicamente o animal apresenta uma intoxicação por piretróide, pois quando se tem o tipo I ou tipo II os sintomas são muito semelhantes, e clinicamente não é possível diferenciar por qual agente foi intoxicado. Dificilmente o animal vai aparecer na clínica com sintomas de paralisia flácida, vai ser atendido mesmo um animal com paralisia espástica, com convulsões, salivação pela lesão dos gânglios basais.
         Clinicamente o animal vai apresentar dor de cabeça, encefalite, quadros de encefalite, são por conta de intoxicação, salivação excessiva, tremores, vômitos, diarreias. Animais que se intoxicam pela via tópica, apresenta um prurido, vermelhidão na região de contato.
         Por conta do problema neurológico acentuado, há alterações em outros sistemas, como taquicardia, taquipinéia, dispnéia, são sinais e sintomas de animais que estão intoxicados.
Diagnóstico:
         Consiste na história clínica e uso desse tipo de agente no ambiente, por não ser de compra proibida as pessoas tende a usar sem restrições, usando em todos os tipos de lugares, baias, ambientes, e muitas vezes sem o devido cuidado.
         Dificilmente se isola esses produtos nas secreções, porém, na urina pode ser encontrado alguns metabólitos, pouco comum, mas na intoxicação tópica o agente tem um cheiro, então no caso de intoxicação por esse piretróide o profissional consegue sentir o cheiro da droga no corpo do animal,  cheirar o animal faz parte do exame clínico, cheiro nenhum dá diagnóstico, mas é um achado importante que pode levar a um diagnóstico.
         Não possui antídoto, mas nas embalagens, colocam como antídoto os corticoides, mas este medicamento não se trata de antídoto, sabe-se que esse agente diminui a quantidade de enzimas que destrói as células nas lesões etc. contribuindo para a restauração celular, mas não é um antídoto.
         Não é recomendado induzir a êmese nesse tipo de intoxicação, pois se trata de um agente que irrita as mucosas, mas cada caso precisa ser analisado.
         Gatos não pode ter contato com piretróide de jeito nenhum, na verdade não existe nenhuma droga que ele possa utilizar com segurança.
Tratamento:
Não existe tratamento específico, deve-se realizar toda terapia sintomática e de apoio para eliminar essas substâncias e recuperar o paciente.
Como prevenção utilizar esses produtos com cautela, de forma adequada, é o mais eficaz inseticida e mais utilizado praguicida do mundo.

Varfarin ou anticoagulantes e derivados

         Chamado de praguicidas anti-coagulantes (cumarínicos ou varfarínicos) é utilizado como raticidas e vampiricidas. Os equinos são resistentes as intoxicações por Varfarina, porém se intoxicasse por esse agente ou morreria pela droga ou pelo tratamento, que provoca nessa espécie muitas reações. Precisam de doses altíssimas para intoxicar, assim como as aves.
         A toxicidade do varfarim depende da quantidade de Vitamina K armazenada, quanto maior a reserva, maior o tempo para o animal apresentar os sintomas de intoxicação. Outro detalhe são os pacientes propensos a hemorragias, doenças hepáticas, doenças renais, febres altas, o animal fica propenso a coagulação intravascular disseminada, uso de drogas que tem alta afinidade por proteínas plasmáticas, que favorecem as hemorragias, como por exemplo, os AINEs como AAS,
         A via de intoxicação desses produtos é somente a via oral, a via tópica e inalatória não influenciam na toxicidade, são absorvidas no intestino e muitas vezes quando os proprietários relatam esse tipo de intoxicação, fica mais fácil do profissional induzir o vômito e reverter o quadro.
         É uma intoxicação que o profissional tem tempo para trabalhar para reverter o quadro, pois demora a ação do medicamento, mas isso quando a pessoa vê o animal ingerindo o agente tóxico. Diferentemente de uma intoxicação por chumbinho (ldicarb, carbamato de uso proibido no Brasil) que o profissional deve largar tudo e tentar salvar o animal, se apegar a todos os santos, e mesmo assim o animal pode morrer.
         Essas drogas agem inibindo uma enzima chamada de epoxidoredutase, também chamada de vitamina k-redutase. O centro de ação dessa droga é na inibição da epoxidoredutase responsável pela síntese de vitamina K, sendo importante no processo de coagulação. Agem nos fatores II, VII, IX e X dependente da vitamina k. Esse fato impede a formação dos coágulos de sangue desencadeando graves hemorragias.
         A droga é absorvida no mesmo dia em que for ingerido, mas a inibição da enzima ocorre após algumas horas de ingestão. Como a vitamina K é sintetizada e armazenada ou ingerida e armazenada os sintomas só irão aparecer quando toda  vitamina K tiver sido utilizada.
         O organismo demora aproximadamente 72h para utilizar toda a reserva de vitamina k e a partir daí começar a apresentar os sintomas, mas esse tempo pode ser inferior caso o animal apresente algum tipo de patologia anteriormente citada.
         Clinicamente o animal apresenta petéquias, hemorragias, epistaxe, sendo necessário diferenciar de anaplasma, babésias, para não confundir o diagnostico. Pode aparecer outros sinais como dispéia, taquipneia, taquicardia, hipotensão, mucosas cianosadas hipocoradas, convulsões, desmaios, síncopes, resultado das hemorragias.          Geralmente como alguns desses produtos possuem um corante muito forte, alguns animais podem apresentar manchas de coloração semelhante na pele, manchas rosas, verdes, azuis, mas, nem sempre isso acontece. Há alguns exames laboratoriais capazes de detectar esse tipo de intoxicação, porém são muito caros, pode ainda usar de exames histopatológicos com fragmento de rins, fígado e TGI, mas teste simples para tempo de coagulação, são suficiente para entrar com a terapia. Esse teste simples consiste na perfuração de com uma agulha de alguma região, e observar o tempo que leva a parar o sangramento, se não parar de sangrar entra com a terapia.
         Tratamento
         O tratamento consiste na administração da vitamina K, que teoricamente não é antídoto, mas corrige o problema e acaba por levar o nome de antídoto, muitos praguicidas está escrito que a vitamina k é um antídoto. É uma terapia extremamente eficaz, funciona mesmo, o problema do equino é a sua alta sensibilidade a vitamina k1 que é a necessária a ser administrada nesses tipos de intoxicações, o animal apresenta um choque anafilático na administração dessa vitamina, mas como os equinos são altamente resistente a este tipo de intoxicações, não é necessário. Os demais animais podem administrar essa vitamina, mas eles também podem apresentar reações a esse agente.
         Não se deve administrar esse medicamento só quando os sintomas aparecerem, mas sim quando souber do caso de intoxicação, isso evita que os sinais apareçam e tornem-se mais difíceis de se controlar. Então mantêm os níveis de vitamina K no paciente até que se elimine todo o agente tóxico do organismo.
         Varia na dose de 1 a 10mg/kg por cada 24h, dependendo da gravidade da intoxicação pode ser subcutâneo ou intramuscular, não pode ser IV, pois existem livros que indicam, mas pode provocar reação grave. Não é necessário aplicar corticoide para evitar reação anafilática, mas caso apresente esse tipo de reação recomenda-se o seu uso.
         Se o animal não apresenta sintomas, a fluidoterapia pode ser realizada pela via oral, convencer o dono a administrar 3x ou mais durante o dia, usar do poder de convencimento, mas se for muito grave realizar a fluido intravenosa.
         Em casos de hemorragias graves, utilizar de hematoterapia, sangue fresco total, pois tem todos os fatores de coagulação capaz de reverter o quadro. Utilize o hematócrito para realizar o cálculo, caso o hematócrito esteja normal e não de diferença, faça o cálculo considerando o Máximo que o animal poderá receber, 6 a 20 ml/kg. A velocidade da fluido utilizar o parâmetro de sempre, 3 x o valor da manutenção.
Intoxicações por Amitraz
         É uma substância muito conhecida e largamente utilizada em veterinária para terapia em carrapatos, pulgas, piolhos. E que causas intoxicações em diversas espécies, é do grupo das formamidinas. É uma substância que se administra em formas de soluções para aspersão, imersão, mas existe em formas de coleiras. Produto de uso tópico, mas que pode intoxicar pela via aérea ou absorção por via tópica, por sua característica lipofílica, mesmo em pele íntegra.
         Quando se trata de carrapatos piolhos e sarnas, ocorrem intoxicações por mau uso ou doses exageradas. A via oral é uma via, mas esse agente sofre ações do suco gástrico sendo inativado até mais que os piretróides. É necessário ser diluída para ser administrado nos animais e na maioria das vezes as diluições são erradas.
         Todas as espécies são sensíveis a intoxicações por amitraz. Na maioria das vezes são intoxicações acidentais. De todas as espécies a espécie equina é a mais sensível a esse agente, sendo proibida a utilização neste animal.
         É rapidamente absorvido pela via tópica e rapidamente distribuído. Alguns livros tratam a intoxicação por drogas in MAO (monoaminas oxidases) utilizadas como antidepressivos. Essas enzimas, são responsáveis pela degradação das catecolaminas, (adrenalina, noradrenalina), por isso diz que o amitraz age no sistema nervoso simpático.
         A inibição das monoaminas oxidase significa na quantidade de catecolamina na fenda sináptica. Desta maneira existem sistemas mais sensíveis a esses neurotransmissores, especialmente o sistema cardiovascular que tem ação maior dessas substâncias. Nos grandes vasos tem uma vasodilatação por conta dos receptores beta adrenérgicos, que tem predominância nos de grande calibre e na área mais periférica predominância dos receptores alfa adrenérgicos e já que existe predominância desses receptores haverá uma vasocronstrição.
         No trato gastrintestinal tem predominância dos receptores alfa adrenérgico, por isso que existe uma redução nos movimentos intestinais e redução do aporte sanguíneo nessa região. Por este motivo é contraindicado amitraz em equinos já que estes são muito sensíveis a problemas de cólicas.
         Os animais acabam desenvolvendo graves cólicas podendo vir a óbito. Isso não significa dizer que as demais espécies não venham apresentar esse tipo de problema, pois podem apresentar os mesmos sintomas clínicos como uma parada do TGI. Esses agentes não agem somente nas monoaminas, mas também nos canais de potássio, inibe os canais de cloro, sódio e potássio, interferem com as substancia P, importante em todo o TGI para o movimento peristáltico, importante no processo de neurotransmissão a sua inibição traz consequências cardiovasculares, neurológicas, gástricas etc.
         Há sintomas clínicos cardiovasculares graves, quadros de hipotensão graves, sincopes, quadros GTI graves que se observa em maior facilidade, se controlar os sinais gastrintestinais normalmente consegue salvar o animal. Há uma parada do trato intestinal, principalmente do intestino com produção de gases e uma distensão abdominal levando a dores abdominais intensas, que o animal chega a rolar no chão de dores.
         Não tem diarreia, por causa da parada do intestino, e também não tem vômito. Não é uma droga que se faz diagnóstico fácil, é necessário a história e sintomas clínicos, nesse caso os proprietários não escondem que utilizou o produto, porque não imagina que o uso deste tenha sido incorreto. Toda intoxicação provoca leucocitose, por causa da interferência no processo inflamatório por causa da substancia P, mas não é um achado determinante da intoxicação por este agente. Não existe um achado laboratorial que se possa afirmar. O exame clínico bem feito já é capaz de identificar a intoxicação.
         O cheiro do amitraz na pele, já induz o uso tópico. Todos os metabólitos do amitraz são inativos e passam por metabolização no fígado, mão realizam bioacumulação nem biomagnificação.
         Tratamento:
Possui antídoto, a Ioimbina 0,5 mg/kg cão IV e 0,25mg p/ gato e Atipemazole, são dois antagonistas desse agente por atuar de forma competitiva pelos receptores que o amitraz faz efeito.
Utilizar a fluidoterapia, não utilizar atropina, mesmo que o animal apresente secreções salivações excessivas, pois diminui todas as secreções gastrintestinais piorando o quadro. Em alguns momentos o pacientes tem bradcardia e arritmia. Se for utilizar um analgésico, utilizar sozinho sem buscopam que provoca redução dos movimentos peristálticos.
         Não utilizar xilazina para induzir a êmese, pois potencializa as intoxicações por amitraz.
         Realizar todos os procedimentos necessários para as intoxicações que julgar necessário. Alguns pontos fundamentais é fazer que as funções gástricas volte ao normal, ter diarreia.
         O uso de laxantes é extremamente importante, neste caso o uso de laxante não é com o intuito de impedir a absorção, e sim para promover o transito intestinal. É uma terapia sintomática. Manter o animal em diarreia até 48h que é o tempo necessário para a maioria dos animais não apresentar mais os sintomas clínicos de intoxicação. O Banho é importante na situação de intoxicação por via tópica.
         Não utilizar glicose nem soluções glicosadas, pois o amitraz inibe a produção de insulina, nem utilizar antitóxico rico em dextrose.
         Pode ser utilizado insulina nesses casos, porém, como as intoxicações são agudas as vezes a reversão do quadro e mais rápida que a necessidade de terapia com insulina nesses animais. A própria glicose é diurético e seus níveis elevados associado a fluido promovem uma diurese que regula esses níveis séricos de glicose no sangue.

         Como a maioria das intoxicações ocorrem por via tópica, os banhos são indispensáveis, porém deve-se tomar cuidado, pois as crises de hipotensão e hipotermia podem contribuir para ao óbito do animal, deve ser realizado com cautela.