domingo, 9 de março de 2014

ANEMIA HIPOPROLIFERATIVA - ERITROPOESE REDUZIDA

Depressão ou anemia hipoproliferativa,  eritropoese reduzida ou ineficaz

Estes quadros, costumam ser casos graves para se tratar. (apresentando maior dificuldade no tratamento) exceção feita aos quadros onde a deficiência proteica de natureza exclusiva seria um fator primário, nos casos de doença renal crônica consta-se que se não há eritropoietina as células percussoras da medula óssea não vão começar o processo de divisão, consequentemente não povoar a corrente circulatória. 
Nas doenças renais crônicas, além da eritropoietina os animais tem uma perda proteica renal de natureza significativa, pois este órgão possui a responsabilidade de reabsorver proteínas que por acaso escape. 
Na insuficiência renal crônica, este processo se altera e ocorre uma perda proteica significativa, tanto é que o quadro mais grave de doença renal é um processo que se chama síndrome necrótica, que invariavelmente esta associado a doenças renais, uma perca de proteína muito grande pela urina. 
A Inflamação crônica também é um processo bastante complicado, exemplo (caso clínico) um animal que tem artrose no joelho, vai desenvolver uma depressão ou anemia hipoproliferativa? Ele vai desenvolver uma aplasia medular por conta da inflamação que ele teve no joelho? 
Resposta. É uma área muito pequena, existem mediadores da inflamação sendo produzidos só que é somente no joelho, este animal por exemplo não tem peritonite, não tem pleurite, não tem uma gastroenterite grave, quanto maior uma superfície de contato inflamada, consequentemente maiores serão os mediadores inflamatórios.
(relembrando as células tronco), as células tronco sobre efeitos das interleucinas, citocinas  entre outras e eritropoietina, ou ela vai seguir a linhagem eritróide (hemácias) ou leucoide (neutrófilos, mastócitos, basofilos, etc). O que regula a produção das células inflamatórias (neutrófilos, basófilos, monócitos, plasmócito) são os mediadores inflamatórios.
Então se existe uma célula que vai da origem a todas as outras, e estas células estão sendo bombardeadas por uma grande produção de interleucinas, fator de necrose tumoral, oxido nitroso, outros mediadores da infamação, qual a atitude do organismo sobre esses estímulos? Elas vão se transformar em um eritrócito ou em um leucócito? A resposta é em leucócitos, pois é suma importância lembrar que processos inflamatórios crônicos que são tratados porém não resolvidos, ou até mesmo que não são tratados e que possuem grandes extensões necessariamente precisam dessas células de defesa para controlar esse processo, inflamatório ou infeccioso.
Por exemplo (caso clinico) Um bovino com uma pericardite traumática, que ingeriu um prego, perfurou o diafragma perfurou o pericárdio ou o coração, e que por sua vez contaminou a cavidade abdominal, a cavidade pleural, e este processo evoluiu 1 mês e meio, até o proprietário ver a gravidade do problema e chamar o veterinário. 
Este animal está com um quadro anêmico bastante sério, porque ele apresenta pleura inflamada, pulmões inflamados, intestino inflamado, quando verifica-se a dosagem de células vermelhas deste animal estão em uma quantidade muito baixa, junto a isso o animal não consegue ter uma boa alimentação, pois ele vai ter relutância em se movimentar  e que se continuar neste ritmo sem intervenções a situação tende a piorar.

*Lesões na Medula Óssea, processos de radiação, químicos  (ex: samambaia) são agentes que atuam sobre as células precursoras, e destrói as células providas da medula óssea. 
Na leucemia, é administrado quimioterápicos que atuam nas fases primordiais da divisão celular com o intuito de eliminar todas as células que compõe a medula óssea que alberga, neste caso de leucemia, as células com defeitos, e depois da erradicação destas células cancerosas é administrado um fármaco que estimule  a medula óssea para tentar compensar, e produzir células novamente, porém, células saudáveis.

Se um animal apresentar em seus exames uma anemia, após sofrer um trauma (atropelado, cortou-se), deve se associar a anemia devido a perda. Outro exemplo é animal com histórico de carrapateamento  intenso e no seu exame apresenta anemia, deve se associar a destruição das hemácias (hemobartonela) ou outro protozoário,  no caso de uma lesão na medula óssea,  é constatado anemia que deve ser associado a uma redução na sua produção etc. 

Jamais se da o diagnostico apenas pelo exame hemograma, e sim acompanhado do histórico deste animal.
(caso clinico) chegou um hemograma de um Pitt Bull que teve um emagrecimento progressivo, histórico de carrapateamento, relutância em comer. Foi medicada com derivados de tetraciclina, prednisona e suplemento. No primeiro exame deste, constata inclusões basofílicas no interior dos eritrócitos. Foi tratado mas não surgiu resultados. Ele chegou com um total de hemácias:

2,5x1 (elevado a 6) sendo que o normal é:   5,5 até 8,5 x 10 (elevado a 6)
Hematocrito estava 15% onde o normal seria não inferior 33 à 40%
A hemoglobina estava com um valor baixo do normal
Volume corpuscular médio apresenta células de tamanho normal.
Concentração de hemoglobina corpuscular média estava normal.

Quando foi feita a avaliação das mucosas, nota-se que estavam pálidas, na mucosa oral encontra se feridas, restos de secreção na boca, e esse animal veio com resultado de ureia 400 miligramas por decilitros. Quando o normal é 25mg/dL, Creatina 4 quando o normal seria de 1,5.

Temos um quadro de lesão renal, o cão estava extremamente desidratado, devido estar a mais de um mês. Não é possível afirmar que é somente um quadro anêmico, o tratamento anterior já estava suspenso, quando é realizado a colheita do sangue, este tem um aspecto de sangue de carne descongelada, super ralo. 

A tetraciclina é um antibiótico da classe de antibacterianos bacteriostático, que não vai matar a bactéria, e sim vai reduzir a sua proliferação, então ela vai persistir no organismo por mais que não se reproduza. Mas se este animal encontra-se com a imunidade comprometida não haverá efeitos satisfatórios no tratamento.
Sabe-se que os corticoides reduz a produção de células brancas, então por que é dado ao cão um antibiótico que não mata a bactéria, e ofereço um suplemento?
Foi causado neste individuo um quadro de infecção crônica. Provavelmente que a lesão renal é irreversível onde então a produção de eritropoietina  se esgotou, e o animal está com um quadro anêmico... 
não tem como compensar, a não ser que submeta a uma hemodiálise, hidratação, uma boa alimentação. Sempre uma lesão renal ira vir acompanhada de um quadro anêmico, anemia de lesão renal é classificada normocítica normocrômica  o tamanho da célula esta normal, e a quantidade de hemoglobina esta normal. A medula só não produz célula sanguíneas, por ausência da eritropetina, essa anemia chama-se de anemia hipoproliferativa, porque não tem quem estimule a medula óssea. 
Diferente daquelas anemias onde as hemácias foram consumidas. 

Quanto ao resultado deste diagnostico, não se sabe ao certo, pois não se tem informação do que este animal tinha antes, só sabe que este animal tem uma insuficiência renal. Este animal receberá fluidoterapia com 5% de glicose que é um antidiurético osmótico que não vai sobrecarregar os rins, a medida que a diálise for feita, faz se um exame renal, se o quadro de lesão renal persistir, associa-se a outros medicamentos (dopamina) e precursores dos transitórios de nitrogênio, que vão otimizar a captação de nitrogênio, se isso não funcionar, tende se fazer a hemodiálise, que na medicina veterinária, é algo extremamente novo, e caro.

quinta-feira, 6 de março de 2014

ENSILAGEM E FENAÇÃO


1. INTRODUÇÃO

            O Brasil é um país com grande capacidade de produção de derivados de origem animal, possui uma grande extensão territorial, alta incidência solar e períodos de chuvas relativamente constantes nas diversas regiões que proporcionam ao setor agropecuário, alternativas capazes de driblar falta de alimentos para criação de animais nos períodos de estiagem.  A produção de forragem e sua otimização para a alimentação do rebanho, é uma realidade que tem sido recorrente e importante, ao levar em consideração a estacionalidade dessa produção.  Grande parte dos pecuaristas utiliza o método extensivo de criação, porém, sofrem sérios prejuízos com períodos de estiagem e o fenômeno da safra e entressafra que eleva o valor da compra do alimento nesse período, encarecendo o produto final, perdendo então sua competitividade de mercado (EVANGELISTA, 2004).
            Com o intuito de minimizar esses problemas e, sobretudo fornecer aos animais alimentos durante esse período seco, desenvolveram-se técnicas de estocagem e conservação de forragens. Esse método consiste basicamente em realizar cortes do volumoso na época em que há uma grande disponibilidade de alimento, geralmente na época das chuvas, e armazená-los através da técnica de fenação ou ensilagem, para atravessar o período seco ou de estiagem (CASTRO, 2002).
            A maioria das forragens pode passar pelo processo de ensilagem sem perder suas composições nutritivas, porém, algumas apresentam características ideais para serem utilizadas nesse processo, enquanto que aquelas forragens que possuem teor de matéria seca inferior a 21% e carboidratos solúveis inferiores a 2,2% pode concorrer à perda do alimento processado, haja vista que a fermentação, o apodrecimento do material, desenvolvimento de fungos, podem colocar em risco a qualidade e o valor nutritivo do feno e a integridade do mesmo. (PEREIRA & REIS, 2001).
  
2. FENAÇÃO

            Sendo considerado um dos melhores recursos para alimentação dos animais em períodos de estiagem e produto de escolha para os pecuaristas que desejam manter a produção de leite quanto de carne em períodos onde a oferta de alimento é escassa e pela facilidade do manejo. Os animais domésticos (Equinos, bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos) particularmente apreciam o alimento, principalmente se este apresentar uma boa qualidade (ANDRADE, 1999). 
            O nordeste brasileiro assim como diversas regiões do Brasil, apresentam grande potencial para a produção de feno ao considerar a incidência solar, alta temperatura e baixa umidade relativa dor ar, (exceção feita às regiões litorâneas, Amazônia e também propriedades próximas às grandes barragens ou reservatórios de água, que possui alta umidade Relativa do ar (UR) que pode prejudicar a produção de feno), que constitui alternativas recomendáveis e que pode ser associada a programas de manejo de pastagens visando estocar o excedente de pasto produzido no período das chuvas (PEREIRA & REIS, 2001).
            Para manter o bom desenvolvimento dos animais no período seco fornecendo-lhe alimentos desidratados, como o feno, é indispensável que este seja de boa qualidade, porém, sabe-se que as pastagens disponíveis para essa técnica de armazenamento não contém em proporções ideais dos nutrientes necessários e essenciais capazes de suprir todos os requisitos nutricionais dos animais. Desta maneira é indispensável que o planejamento da fenação esteja embasado, principalmente, na qualidade da forragem que se deseja aplicar à técnica de fenação, esta, necessariamente precisa ter um alto valor nutritivo no período de chuvas/verão para posteriormente os animais usufruírem deste recurso alimentício durante o período seco que possui menor disponibilidade de forragens e consumir um feno de valor nutritivo equiparável à forragem de origem (EVANGELISTA et al, 2004).
            Por ser uma técnica versátil, a fenação ou conservação de forragens na forma de feno, tem se destacado por apresentar diversas vantagens, dentre as quais as pequenas alterações no seu valor nutritivo e por existir uma diversificada quantidade de espécies de forrageiras que podem ser utilizadas para esse princípio. Essa técnica pode ser utilizada por qualquer produtor e pode ser efetuada em grande ou pequena escala, dependendo da capacidade de produção da forrageira no período de chuvas e de seu armazenamento, pode ser fornecido aos animais de forma mecanizada ou não, dependendo da necessidade de cada propriedade.  O manejo correto das pastagens permite aproveitar os períodos em que as forrageiras estão em crescimento acelerado e realizar a fenação. As forragens indicadas para esse processo são as gramíneas que possuem uma produtividade relativamente elevada, alta qualidade nutritiva, e por apresentar características como área foliar grande, bem como maior número de folhas por planta e colmos finos que possibilita uma secagem uniforme. Devem apresentar resistência aos cortes, manejo facilitado para sua colheita e plantação. As espécies mais utilizadas são representadas pelo, Tifton, “coast-cross”, Gramão e também a área foliar da mandioca tem sido amplamente empregada na produção de feno entre outras.
            O princípio básico desta técnica é a conservação do valor nutritivo da forragem e também a sua palatabilidade, através da interferência na atividade respiratória, por meio da rápida desidratação da forragem e dos micro-organismos que ali residem. A secagem e o armazenamento associada às condições climáticas são fatores que influenciam diretamente na qualidade do feno produzido (ANDRADE, 1999).   
            Cavalcante (2004), elabora algumas regras básicas para realizar a fenação, alguns passos de suma importância que vão desde a escolha da espécie até o seu armazenamento, que influencia na qualidade do produto. Segundo a autora a escolha da espécie, deve estar relacionada à sua produtividade, qualidade e quantidade de nutrientes da planta, sua resistência aos cortes mecânicos ou manuais. Cita ainda o preparo do terreno para produção do feno, que se recomenda a destinação de uma determinada área somente para a produção do feno, ou ainda ao final das chuvas fazer cortes daquelas forragens que apresentam excedentes com o auxílio de roçadeiras.
            O ponto de corte sem dúvida é um requisito importante para manter a planta com vida, e conhecer a altura dos cortes de cada espécie pode evitar desperdício da forrageira que poderia ser colhida e também mantê-las vivas. Os capins de crescimento prostrado como Brachiaria, Cynodon, Digitaria, podem receber cortes a uma altura de 10 a 15 cm, plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia, Panicum essa altura do corte varia em torno de 20 a 30 cm. As leguminosas, como a alfafa, utiliza-se 8 a 10 cm do nível do solo, visto que o segredo do corte dessa leguminosa é preservar a coroa desta planta (REIS, 2001).
            Recomenda-se a realização dos cortes pela manhã, após a secagem do orvalho, para que a forragem murche o mais rápido possível, e perca seu teor de umidade em um menor período de tempo. Há diversos mecanismos para realização do corte, pode ser de forma manual ou mecânica, a forma manual é recomendada desde que a quantidade de feno seja pequena, e poderá ser realizado com roçadeira costal motorizada, alfanje, ou motossegadeira manual. A forma mecânica de fenação é indicada para produção em quantidades grandes de feno, para isso usa-se a segadeira que realiza o corte da forrageira e o espalhar. A enleiragem é geralmente feita com ancinho. O processo de secagem também pode ser realizado de duas formas, a artesanal e a mecanizada, as forragens quando cortadas apresentam um teor de umidade de 75 a 85% que ao final de todo o processo esse índice deve diminuir para níveis inferiores a 20%. A uniformização da secagem e aceleração do processo pode ser realizada com a viragem da forragem cortada pelo menos duas vezes ao dia, o método artesanal utilizado para este processo é realizado com o auxílio de um garfo ou alguma ferramenta semelhante que produza o mesmo resultado.
            A forma mecanizada de secagem, o ancinho é utilizado na viragem da forragem, enleira-se a forragem que apresenta baixa umidade, e no dia seguinte após a evaporação do orvalho novamente realiza a viragem dessas leiras, tendo o cuidado de mantê-las sempre frouxas para permitir a circulação de ar em seu interior, e consequentemente melhor perda de umidade.
            Considera-se que o feno está no seu ponto ideal quando não há mais umidade nos entrenós dos caules das forragens. Alguns testes podem ser realizados apertando essas regiões dos entrenós e torcendo uma porção de forragem, e caso haja surgimento de água, recomenda-se secar por um período em que, após a realização novamente desse teste, não saia água do feno. Pode ocorrer de a forragem passar do ponto de feno ideal, e tornar-se quebradiça, isso ocorre pela secagem em excesso, se isto ocorrer o feno produzido terá uma qualidade inferior ao esperado. O armazenamento deve ser feito em local seco e fresco, sem incidência direta do sol, caso contrário poderá ocorrer perda do valor nutritivo, pode ser armazenado em fardos produzidos mecanicamente, através de equipamentos específicos, em sacos, ou realizar o enfardamento através de uma prensa artesanal que obtêm excelentes resultados. Ao final desse processo, o feno precisa apresentar um aspecto esverdeado, livres de fungos e odor agradável (ANDRADE, 1999).
3. ENSILAGEM
            Assim como a fenação, a ensilagem é um processo de conservação de forragens que visa ao final do processo a preservação das características nutritivas da planta utilizada, minimizando as perdas desses nutrientes até o consumo final desse alimento.           A conversão dos carboidratos solúveis em ácidos orgânicos através da ação dos microrganismos láticos é o ponto básico dessa técnica. Portanto, para que isso ocorra de forma eficiente, é necessário criar um ambiente anaeróbico que seja capaz de otimizar essa conversão, mantendo níveis de pH dentro dos limites necessários para produção da silagem. É importante tomar conhecimento que na forragem fresca cerca de 75 a 90% do nitrogênio total encontra-se na forma de proteína, que constitui os peptídeos, amidas, aminoácidos livres, clorofila e nucleotídeos, esse fato determina que aproximadamente 40 a 60% do nitrogênio proteico seja solubilizado em compostos nitrogenados não proteicos por intermédio de uma proteólise intensiva que ocorre durante a ensilagem. A redução do pH e o aumento do conteúdo de MS tem efeito direto na extensão da proteólise sofrida pela forragem,  sendo importante a diminuição do pH de forma rápida, principalmente em forragens que possui teores altos de proteínas, como exemplo a alfafa, cuja enzimas proteolíticas passam a ser inibidas assim que o pH tenha uma redução de 4,5 a 4,0. (PEREIRA, REIS, 2001)
            A fermentação secundária, poder tampão de algumas forragens, teor de matéria seca e carboidratos solúveis inferiores a 21 e 2,2% respectivamente, são fatores limitantes na produção da silagem e que necessariamente precisam da utilização de recursos capazes de modificar essa situação. A elaboração de uma silagem pode estar pautada em alguns cuidados capazes de fornecer ao produtor subsídios e conhecimento suficiente para produzir uma trincheira, um silo cincho, silo vertical, silo de superfície etc. com qualidade e armazená-la por muito tempo.
            Dentre esses cuidados destaca-se o planejamento de todas as etapas que precisam ser seguidas até o final do processo. A escolha da forrageira que esteja adaptada na região, obedecendo as recomendações técnicas para sua produção; o ponto de colheita da forragem utilizada, visando obter e armazenar a planta quando esta apresentar teores de matéria seca (MS) dentro dos padrões estabelecidos para a forragem; o enchimento e a compactação da silagem na trincheira, deve ser eficiente e o mais breve possível, visto que rapidamente a planta entra em processo de anaerobiose e fermentação levando a forragem a consumir e perder os nutrientes que se deseja armazenar; as superfícies expostas precisam ser vedadas com a utilização de material infiltrante, como plástico ou lona, permitindo a formação de um ambiente anaeróbico; caso seja necessário a utilização de aditivos para baixar o pH ou estimular o crescimento de bactérias anaeróbicas, fazê-lo racionalmente de acordo com suas recomendações evitando desperdício; e por fim, promover utilização da silagem, de forma eficiente e constante, retirando todas as vezes que aberto, camadas de no mínimo 15cm de silagem, que poderá evitar a fermentação e formação de locais com bolores, ou fungos (LIMA; MACIEL, 2004); (RODRIGUES, 2011).
            Diversas gramíneas podem ser utilizadas para a produção de silagem, sendo o milho, sorgo, cana de açúcar, as mais utilizadas. A vantagem do milho e do sorgo é sua grande adaptabilidade em diversos tipos de ambientes, alto teor de nutrientes, e a dispensa na utilização de aditivos ou pré-murchamento.
            A alta produção de matéria seca por hectares e capacidade de fornecer material energético para os animais, a cana-de-açúcar ocupa lugar de escolha da forragem para produção de silagem. Além destas, outras plantas são amplamente utilizadas como, Milheto, Girassol, Raiz e parte aérea da mandioca, Capim-elefante, Capins tropicais (Mombaça, Tanzânia, Marandu, entre outros).
            A preparação para o processo de ensilagem começa quando a forragem apresenta início de floração, realizada a colheita deste material, esta é triturada em fragmentos de 2 a 5 cm e colocada na trincheira, no silo cincho, silo vertical, silo de superfície, etc. sofrendo compactações em camadas de 20 a 25 cm, para retirada do ar. Esse processo poderá ser feito no local onde será ensilado ou no campo e posteriormente transportado ao local de seu armazenamento (LIMA; MACIEL, 2004). A compactação é o ponto chave para o sucesso da silagem, cerca de cinco pessoas, dependendo da extensão da trincheira ou do cincho, precisa caminhar sobre esses fragmentos de forragem realizando a sua compactação. Em grandes trincheiras, esse processo pode ser realizado com as rodas do trator utilizado pra espalhar a forragem, é importante ressaltar que o desenho do silo em forma de trincheira, sendo ela escavada ou não, deve possuir uma declividade no fundo, que facilite o escoamento do excesso de água da forragem para fora da trincheira; as paredes deve ter uma leve inclinação para fora, com um aspecto de “V” ou oblíqua.
            O cuidado com as paredes inclinadas proporciona uma melhor compactação nas laterais do silo, evitando que a forragem fique em contato com o ar ou apresentem bolsas de ar em seu interior e entre em processo de fermentação e venha desenvolver fungos nesses locais, ao término da compactação, é recomendado que a porção superior da silagem de trincheira tenha certo abaulamento da massa ensilada (NUSSIO, MANZANO, 1999).

4. REFERÊNCIAS:

ANDRADE, J.B. Produção de feno. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1999. 34p (Boletim Técnico, 44).
EVANGELISTA, A. R. et al. Produção de silagem de capim-marandu (Brachiaria  brizantha  Stapf   cv.  Marandu) com e sem emurchecimento. Ciênc. agrotec. [online]. 2004, vol.28, n.2, pp. 443-449. ISSN 1413-7054.
CASTRO, F. G. F. Uso do pré-emurchecimento, inoculante bacteriano-enzimático ou ácido propiônico na produção de silagem de Tifton 85 (Cynodon sp.). 2002. 136 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2002.
CAVALCANTE, A. C. Feno de Gramíneas: Processo de Produção Passo a Passo. 2004, Disponível em: <http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsId=517>. Acesso em: 19/02/2014
LIMA, G. F. da C.; AGUIAR, E. M. de.; MACIEL, F. C. et al. Secador solar  – A fábrica de feno para a agricultura familiar. In: Armazenamento de forragens para agricultura familiar. Natal: Empresa de Pesquisa Agropecuária d o Rio Grande do Norte, 2004, p.9-13.
NUSSIO, L. G.; MANZANO, R. P. Silagem de milho. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS: ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR, Anais... Piracicaba: FEALQ, 1999. p. 27–46.
PEREIRA, J. R. A.; REIS, R. A. Produção e utilização de forragem pré-secada. In: SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS. TEMAS EM EVIDÊNCIA, 2., 2001, Lavras.  Anais... Lavras: UFLA, 2001. p. 235-254.
REIS, R. A., MOREIRA, A. L., PEDREIRA, M. S. Técnicas para produção e conservação de fenos de forrageiras de alta qualidade. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS. Anais... Maringá: UEM/CCA/DZO, 2001. 319P.
RODRIGUES, C. R, et al; Forragicultura:  Tecnologia  de  produção. In: 5º DIA DE  CAMPO  DO  GRUPO  DE  ESTUDO  E  PESQUISA  FORRAGICULTURA  E  PASTAGENS  NO MARANHÃO; Anais... Chapadinha: SEBRAE, 2011. 49p.