sábado, 20 de abril de 2013

ANATOMIA TOPOGRÁFICA - O ABDÔMEN



Conformação e anatomia da superfície externa


Em termos de limites externos se observa estruturas como as costelas ou a arcada costal que ajudam a delimitar cranialmente o abdômen, a porção palpável nos animais é somente aquela que está depois da ultima costela em sentido caudal, no entanto o fígado, o estômago e o baço ficam alojados sob a arcada costal e são, portanto, vísceras abdominais uma vez que estão retro diafragmáticos ou retrofrênico.

O abdômen por si só começa após a última costela, entretanto, ele se adentra ao tórax em virtude do formato côncavo do diafragma, ou seja, o diafragma é o limite mais cranial entre obdômen e tórax, ao falar em limite cranial externo têm-se como referências as últimas costelas, e ao falar em limite cranial interno do abdômen é o diafragma.

Ventralmente encontra-se uma anastomose com a musculatura contralateral. Quando se observa o abdômen por uma vista lateral ele vai finalizar na porção mais baixa e ventral, justamente na área que se une com a outra musculatura formando a linha Alba.
 Se na porção cranial observa-se o diafragma na porção ventral haverá a linha Alba, formada pela anastomose da musculatura que compõe a parede lateral do abdômen, lateralmente vamos ter formando os limites laterais abdominais somente a musculatura, pele, tecido subcutâneo e adiposo.


Dorsalmente o abdômen vai ter como limite aborda ventral da musculatura paralombar, ao observar o abdômen de lado numa porção quadrupedal, existe uma fração onde não será possível fazer palpação por não haver vísceras abdominais, existe um teto de cavidade abdominal formado por todas as vértebras e seus respectivos processos transversos e a musculatura que recobre essas estruturas, portanto, a porção mais baixa dessa região por haver uma espessa camada de músculo forma um triângulo denominado de vazio.
Caudalmente o limite do abdômen vai ser a crista pectínea na borda cranial da asa do íleo.
Ao visualizar o animal pela face ventral, é possível observar limites coincidentes, como o arco costal, crista pectínea e paredes abdominais que delimitam tanto a cavidade, quanto os limites da cavidade.
A divisão do abdômen é feita em quadrantes que, de acordo com a área, vamos mexer com um órgão distinto onde, por exemplo, é permitida a palpação na região abdominal nos animais. Em grandes animais essa prática fica restrita devido à densidade muscular e em relação às demais espécies, pois temos no ruminante, o rumem, um gigantesco saco que se situa no lado esquerdo do abdômen, e no equino grande parte do lado direito, ocupado pelo ceco, especialmente nas bordas ou nas porções mais ventrais do abdômen, tanto que o ceco faz relações com o apêndice xifoide, abaixo e a direita temos o ceco, no caso do bovino não há essa relação, diferentemente das demais espécies.
Retomando: os limites do abdômen se restringem cranialmente no limite das costelas, caudalmente na asa do íleo e crista pectínea, ventralmente a região da linha Alba e dorsalmente a borda ventral dos músculos lombares.
 Caudal a última costela, cranial a asa do íleo, percebe-se que é ocupada e tem um formato triangular em todas as espécies em virtude da elevação que as costelas conferem a essa região. Esse local é importante e denomina-se de fossa paralombar, direita ou esquerda, encontram-se órgãos diferentes conforme a espécie que se relaciona.
No caso do cão ao colocarmos a mão na fossa paralombar principalmente na região mais cranial, o órgão mais próximo da relação com os dedos será os rins, em ambos os lados haveria uma facilidade maior em fazer uma palpação renal pela região de fossa paralombar. Ao palpar pelo lado direito mais cranial a fossa paralombar encontra-se o fígado que se estende até próximo do arco costal, pois ele só se torna palpável além do arco costal em quadros de hepatite, pois o fígado aumenta de tamanho e se torna palpável além do bordo da arcada costal.
A cavidade abdominal começa especificamente abaixo dos processos transversos das Vértebras Lombares que passa a ter a musculatura da cavidade abdominal.
O abdômen numa vista ventral pode ser dividido em nove quadrantes não uniformes, que em cada quadrante sempre haverá os mesmos órgãos nas diferentes espécies.

Essa divisão ocorre pelas linhas que cruzam desde a região mais medial do corpo do íleo em linha reta até a cartilagem costocondral e a mesma coisa do lado oposto. Caudal a costela traça-se uma linha transversal ao corpo da mesma forma na asa do íleo traça-se mais uma linha transversal.
A primeira parte que fica próxima à região do xifoide, e chamada de região xifoideia, o quadrante que fica abaixo das cartilagens costais são regiões hipocondrais, direito e esquerdo, no lado direito dessa região é possível palpar rins e fígado e no lado esquerdo pode-se conseguir palpar rim esquerdo.  Abaixo da região hipocondral encontra-se a região de flanco ou vazio e entre elas a região umbilical ou epigástrica, região inguinal direita e esquerda e região pubiana
Num caso clínico em que um animal esta a um dia sem urinar, a região mais provável de inserção de um cateter seria na região púbica, pois a bexiga repleta, sem dúvida, se move da região pélvica para a região púbica.
 Caso um equino apresente, por exemplo, uma compactação do ceco, a região que poderia se ter acesso a este órgão seria a mais provável a região xifoideia ou a região hipocondral direito ou pelo flanco direito.
No caso de colocar uma fístula ruminal, a região que mais indicada seria no flanco do lado esquerdo normalmente na porção mais alta dessa região, devido à visualização de rumem.
Profundamente a estrutura que forma o abdome é essencialmente muscular diferente do tórax que possui um arcabouço ósseo, formado pelas costelas.

O Abdômen é formado por quatro músculos que formam a cavidade abdominal e que protegem os órgãos e estruturas abdominais. A primeira musculatura mais externa e superficial de todas é o músculo oblíquo abdominal externo (nº 5) que se originam da região do corpo da 4ª costela até aproximadamente a 13ª costela, além disso, as últimas fibras podem ter inserção numa estrutura chamada de fáscia toracolombar e ainda uma porção dessas fibras se inserem na bainha do músculo reto abdominal.
Abaixo do oblíquo externo encontra-se o músculo oblíquo abdominal interno (nº 8) essas musculaturas se originam da aponeurose ou da fáscia toracolombar na porção mais superior e se inserem na bainha do músculo reto abdominal.
O músculo reto é circulado por uma bainha, essa bainha é formada pela inserção das bainhas do músculo obliquo abdominal externo e interno e transverso abdominal. Nessa região de bainha passa a veia umbilical no caso de neonatos que posteriormente torna-se o ligamento umbilical, nessa região pode acontecer uma hérnia por conta de má formação ou fechamento desse local após o nascimento.
nº 1 linha Alba, nº 4 canal inguinal

Em quadros mais graves podem acontecer casos conhecidos como eventrações, essa patologia o animal nasce e as alças intestinais ficam expostas, por não ter acontecido a fusão da bainha do músculo reto abdominal.
Na porção mais caudal do músculo reto do abdômen, a bainha que envolve o músculo nas porções ventrais e dorsais passa a existir apenas na porção mais externa da musculatura.
Visualização dos músculos oblíquos interno e externo, reto do abdômen

Canal inguinal

É um dos locais onde comumente podem ocorrer hérnias (passagem de órgãos abdominais pó essa abertura).
Essa região é caracterizada por ser um espaço lateralmente entre os músculos oblíquos abdominais externos e internos e possuem um ponto de inserção comum, existe a formação de uma estrutura que não é fechada pela qual no caso dos machos, ocorre a passagem dos testículos para a bolsa escrotal que na vida uterina é intra-abdominal, e na vida extrauterina é extra-abdominal.

O canal inguinal é formado na região mais cranial pela inserção da musculatura do oblíquo abdominal externo e dorsalmente pela inserção do oblíquo abdominal interno, mais profundamente e mais cranialmente ele se inverte o interno forma a porção mais dorsal e o externo a porção mais ventral.
Essas estruturas se estendem desde o anel inguinal interno até o anel inguinal externo. E permite a passagem de grandes vasos e nervos gênito femorais e no caso dos machos a passagem das gônadas, (testículos) a camada mais superficial do músculo oblíquo interno forma a porção dorsal e cranial e na remoção do oblíquo abdominal externo fica visível na porção mais profunda formando tanto a porção mais cranial quanto na porção lateral desse forame.
Nessa região passa os vasos, nervos e gônadas, eventualmente quando essa estrutura de inserção abdominal é fragilizada e em algumas condições de caráter hormonal, pode ocorrer que a porção mais externa dessa musculatura fica flácida e se dilata sendo possível extravasar vísceras, especialmente intestino e no caso das fêmeas o útero.
Existem casos de gestação extra-abdominal o filhote está dentro do útero, porém, a gestação ocorre fora da cavidade abdominal, o feto cresce normalmente, porém, o nascimento ocorre apenas por cesárea.

Os suprimentos sanguíneos são representados por 4 artérias (duas do lado direito e duas do lado esquerdo) epigástrica Cranial que é continuidade da artérias torácica e assim que emite a frênica dorsal ela torna-se a epigástrica cranial. Esta passa entre os músculos retos abdominais e oblíquos abdominais artéria epigástrica caudal.
Veias e artérias epigástrica caudal entre os músculos abdominais (estas se anastomosam com as veias e artérias epigástricas craniais)

Ao abrir o abdômen pela linha reta ou linha Alba e seccionar as paredes e ter acesso às vísceras, observa-se uma estrutura amarelada esbranquiçada recobrindo todas as vísceras com exceção do fígado e baço, essa estrutura é chamada de omento, essa estrutura não recobre esses órgãos por ser originadas da curvatura maior do estômago se reverter e inserir na porção ventral desses órgãos lateralmente a veia cava.
O omento irá formar o ligamento gastroesplênico ele se dobra do estômago sobre o baço e em sentido caudal. Existem várias estruturas de sustentação do intestino, a primeira e mais comum delas é o mesoduodeno no teto da cavidade abdominal, mesorreto e mesocólon e fixando no estômago parcialmente ao teto o ligamento gastroesplênico, ou seja, o omento é um reflexo desse ligamento (gastroesplênico) em sentido caudal. O omento serve como via de transporte de vasos até as alças intestinais.

Localização e relações

No estômago existe três regiões distintas, cardica, fundica e pilorica, a região fúndica e região de cárdia, são as mais capaz de se dilatar. Ao chegar no piloro em secções longitudinais do estômago, a espessura da parede deste órgão tende a ficar ligeiramente mais grossa e via de regra percebe-se que em animais domésticos principalmente nos monogástricos as porções mais fáceis de se dilatar são as regiões mais altas do cárdia e fúndica, essas regiões em termos fisiológicos são as áreas que disparam a sensação de saciedade quando estão tensas, informando ao cérebro quando o órgão está cheio, isso ocorre geralmente de maneira tardia.

Observa-se em carnívoros uma tendência ao sobrecarregamento gástrico importante em caso de filhotes, o estômago vazio dificilmente são palpáveis, pois, fica parcialmente encoberto pelas costelas, este órgão desce até o assoalho da cavidade abdominal quando está cheio e torna-se palpável.
Nas áreas de região pilórica, produz uma substância denominada de fator intrínseco que funciona como potencial carreador de absorção de algumas vitaminas do complexo B.

A região fúndica se projeta dorsalmente é uma porção mais alta, é a região do cárdia ligeiramente mais alargada, e nessa região que tende a começar a ocorrer o processo de vômito.
O corpo e o fundo são colocados à esquerda da linha média, e tem contato íntimo com diafragma e fígado, e a porção mais distal do estômago que caminha ao piloro fica mais à esquerda, em compensação o piloro se projeta para o lado direito. Quando o estômago está repleto, ele faz relação íntima com o assoalho da cavidade abdominal, dependendo do grau de repleção deste órgão, o baço se move e pode chegar a ficar junto ao assoalho da cavidade abdominal.


O fígado ocupa uma porção maior do lado direito da cavidade abdominal. Nas proximidades destes órgãos observa-se a veia cava e ligeiramente à esquerda do plano mediano observa-se o esôfago.

Nesta figura o jejuno foi removido
O duodeno está localizado no lado direito e segue ainda pelo lado direito até fazer a flexura cranial porção transversa, segue até a flexura duodenal caudal e o jejuno encontra-se espalhado na porção inferior (ventral) e caudal do abdômem. Ao relacionar a localização dos órgãos com os quadrantes, na porção inferior cranial, o jejuno estaria na região xifoideia, hipocondral direita e esquerda, umbilical, flanco direito e esquerdo. A bexiga estaria na região pubiana.

Intestino Delgado

Uma das mais importantes informações a se saber sobre intestino delgado está na localização de duodeno para não mexer nessa porção do órgão, isso se deve ao fato que aderido à curvatura do estomago e envolto no duodeno está o pâncreas. Intervenções nessa região pode causar uma pancreatite por ser um glândula bastante sensível.

O ID vai ser de 3 a 5 vezes maior que o tamanho do corpo no caso de pequenos animais e em grandes animais essa taxa tende ser maior chegando ate 15 vezes o tamanho do animal.
O duodeno é a região mais curta em todos os animais, faz a flexura cranial, margeia a cavidade do abdômen fazendo um íntimo contato dorsalmente com a parede lateral direita. Desce pela lateral da cavidade abdominal até fazer a flexura caudal, quando volta praticamente no meio, fica subvertebral onde se abre no jejuno.

 Suas relações, dorsalmente com o lobo pancreático, que na curvatura cranial do duodeno encontra-se aderido junto à curvatura maior do estômago. Imediatamente caudal ao piloro, ventralmente relaciona-se com o jejuno e medialmente com o cólon ascendente. No equino as relações são mais importantes pois, na hora de fazer a inspeção intestinal para localizar a área que esta gerando a cólica, precisa correr todo o intestino fazendo palpação e verificar onde está obstruído ou necrosado.

Jejuno e íleo

Forma uma massa que ocupa a região entre estômago e bexiga bem ventral, basicamente a diferença entre as espécies está no diâmetro desses órgãos, porém as estruturas são as mesmas. Dorsalmente faz relação com a porção descendente do duodeno à esquerda com rins e músculos sublombares, e ventral e cranial com o omento.
Íleo faz relação direta com Jejuno, ceco, e cólon.




Fígado

O fígado é um órgão que pode ser considerado intratorácico, por conta da face cranial deste órgão possuir uma concavidade que fica na região torácica, porém ele é um órgão abdominal, (isso ocorre pelo fato do abdômen começar caudal a ultima costela, tendo com limite o músculo diafragmático) mas sua maior parte fica intratorácica.

O fígado fica no lado direito do plano mediano, no lado esquerdo encontra-se o estômago e parte esquerda do fígado. Ou seja, num corte transversal nessa região entre fígado e estomago é possível observar porção do fígado e estômago.
 A relação dorso caudal do fígado será diretamente com o rim direito por ele estar mais cranial que o rim esquerdo, tanto que o fígado possui uma impressão renal nessa região. A borda ventral do fígado se estende ligeiramente além do arco costal, porém não é tão evidente além desta região exceto em situações patológicas. 


Caudalmente o fígado faz relação com o estômago e cranialmente com o diafragma. Observa-se pela face diafragmática o hilo hepático onde temos a entrada e saída de vasos importantes como a veia porta, artéria hepática, ducto biliar, juntamente com os ligamentos hepáticos e o falciforme.

Pâncreas
É um órgão parenquimatoso dividido em duas porções lobo esquerdo localizado caudomedialmente ao plano médio e direito crânio dorsalmente, as duas porções tendem a confluir para a mesma região, por ser um órgão exócrino tem abertura num ponto comum, ducto do colédoco. A porção direita fica na região da curvatura cranial do duodeno sustentado no ligamento pacreaticoduodenal. A porção esquerda fica aderida na curvatura maior do estômago.


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